domingo, 3 de julho de 2011

Meu filho não me escuta


De Naomi Aldort

“Meu filho deveria me escutar”

Pergunta: Meu filho de sete anos parece não me escutar. Estou tão confusa. Simplesmente não sei onde eu errei. Ele não deveria me escutar se temos que deixar a pracinha, ficar pronto para sair, sentar-se à mesa, vestir seu casaco ou ficar quieto?
Resposta: O pensamento “ele deveria me escutar” é a origem de toda a confusão. Você ou eu não temos como saber que ele não escuta, ou que ele deveria escutar.

PERGUNTE A NAOMI

Para mim o que você diz é que ele não faz o que você fala. Quando uma criança não segue a nossa lógica nós dizemos que ela “não está ouvindo”. Ainda assim, você realmente quer que a sua criança obedeça somente porque você é maior ou mais velha? Você quer que ela tenha medo de você, e aja contra seu guia interior.
A maioria de nós quer garantir que uma criança cresça pensando por si própria , que no futuro ela não siga ninguém cegamente,que tenha uma boa afirmação e seja confiante. Esperamos que ela saiba se defender na presença de transgressores sexuais , das drogas, das “porcarias”e dos sempre sedutores shoppings e da mídia. Por que treinar o seu filho para obedecer? Se for para ele ser autoconfiante e capaz, ele precisa escutar a si próprio. Pelo que você me falou, ele já está fazendo isso. Com tamanha confiança ele saberá escolher quem e quando escutar ,e pelo que se mover.
Por que é tão difícil confiar que a resposta do seu filho seja do jeito que tem que ser quando ele não faz o que você diz? Porque a sua própria mente está muito ocupada tentando distrair você do seu bom senso natural e amor. Amparada pela mídia, pelos avós e pelos amigos, a sua mente acredita que o seu filho deve ser algo diferente do que ele é, embora, bem no fundo você não acredite nisso. Se o seu filho não quer compartilhar ou se vestir, a mente pode berrar dentro da sua cabeça: “ele deveria ...” Se você ficar presa na pauta da sua mente, perderá de notar a sua criança que está no lugar certo, fazendo seu trabalho no tempo exato.
Olhe para quando você realmente confia e aprenda por si própria: você empurrou seu filho para fora do útero aos 8 meses para garantir que ele aprendesse a respirar? Você o ensinou a andar ou a falar? Observando as áreas em que você confia tranquilamente, perceberá que as outras áreas, que a sua mente diz pra se preocupar não são diferentes. Ele lerá quando for o tempo, se vestirá quando se vestir, terá boas maneiras quando tiver, compartilhará quando quiser compartilhar e fará sua própria comida quando fizer. Apenas esteja lá e assista para comprovar tudo isso.
Quer dizer que você não deve fazer nada? Claro que não é isso. Mas, em vez de direcionar, você responderá ao seu verdadeiro filho, do jeito que ele é. A sua mente pode ser que reclame e grite com muitos pensamentos amedrontadores; se você obedecer a essas vozes irá sofrer e afastará seu filho de confiar em si próprio. Em vez disso, para poder sair do caminho e suprir as necessidades, fique alerta às intenções dele.
Então, observe a sua expectativa de que ele deveria escutá-la e veja como pode se beneficiar do seu próprio aprendizado. Ele está escutando quando se recusa a fazer o que você diz. Você o está escutando quando ele afirma a sua vontade? Você está se escutando? Dentro de você está a verdade, que você quer que o seu filho confie em si próprio e dirija sua própria vida. A boa notícia é: Ele está fazendo isso!
É inútil tentar controlar a escuta ou as ações de outra pessoa. Mas, você tem poder sobre si mesma; você pode escutar. Quando você escuta no sentido amplo da palavra, você planeja as coisas de modo a diminuir os conflitos e a vida flui sem tanta batalha.
Em uma consulta telefônica, um pai australiano desabafou comigo sobre a recusa de seu filho a usar chapéu nos dias de sol forte. Como você, ele estava pensando que seu filho deveria “escutá-lo”. Com “escutá-lo” ele queria dizer fazer o que ele fala. Apesar das explicações do pai, o menino continuava tirando o chapéu. Eu perguntei a esse pai se ele se submeteria a alguém que colocasse o chapéu, casaco ou cachecol nele contra sua vontade. Ele percebeu imediatamente que não permitiria aquilo e celebrou o fato de seu filho saber se cuidar com tanta autoconfiança. Bem, mas, ele deve usar o chapéu, não deve? Quando esse pai escutou, ele entendeu que seu filho não gostava de usar chapéu. Embora o pai tenha explicado para o menino porque isso era importante, obviamente, a criança não estava convencida.
Sem o pretexto de que o menino deveria “escutar”, o pai foi capaz de inventar algumas soluções: Criar uma atividade que se desenrole na sombra; levá-lo a uma loja para escolher um chapéu que ele goste; mostrar um vídeo que explique porque deveria usar chapéu; permanecer dentro de casa; sair pra passear de manhã cedo e à tardinha quando o sol está ameno; colocar creme protetor solar ou mover a caixa de areia para uma área sombreada do terreno.
O que de fato aconteceu? Esse pai escutou. Ele disse para o seu filho: entendo que você não gosta de usar chapéu. Preocupa-me que o sol possa te queimar. Você pode me dizer o que o incomoda sobre o chapéu? A criança falou e o pai fez mais algumas perguntas até que soube exatamente que tipo de chapéu empolgaria seu filho e, quais outras soluções funcionariam.
Outro exemplo típico é quando os pais dizem: “ela não me escuta quando está na hora de ir para casa.” Se você escutá-la perceberá que ela precisa de mais tempo na pracinha e, planejará melhor da próxima vez: você leva comida, roupas extra, fraldas para o bebê. Planeje menos saídas que sejam mais longas etc.
Tem vezes que você precisa ir embora antes que a criança tenha se divertido o suficiente. Sua filha escutará você quando lhe falar honesta e amorosamente. -“Temos que ir pra casa agora” é ditador e desonesto. “Nós” não precisamos realmente ir embora. Você quer ir para casa. O bebê talvez precise de cuidados que são mais fáceis em casa; você pode estar com frio, com fome ou impaciente e gostaria de jantar, etc. Nada é uma obrigação quando a preferência da criança é levada em consideração com a mesma urgência.
Freqüentemente usamos frases do tipo:- “está na hora;” -“vamos” ;ou: -“nós temos que” com a intenção de disfarçarmos o nosso franco:- “eu quero”. Não é de surpreender que as crianças respondam mais positivamente à conexões baseadas em honestidade e que elas de fato preferem fazer algo por nós do que o elusivo:- “nós” e, -“isso é” .
Para ser honesto, você pode dizer para a criança:
“- Eu vejo que você quer continuar brincando. Eu gostaria de ir para casa logo. Quantas vezes mais você quer escorregar antes de ir?”
A maioria das crianças falaria um número razoável como cinco ou dez vezes mais. Todavia, mesmo 100 vezes uma hora termina e a maior parte das crianças perde o interesse bem mais rápido do que pensávamos. Um processo tão honesto de boa vontade e respeito é pacífico, e faz valer a pena a espera.
Naturalmente, você afasta a criança de perigos e situações que a prejudiquem, porém, mesmo nessas situações , a questão não é se ela está ou não te escutando. – “ele deveria me escutar” (querendo dizer fazer o que eu digo), simplesmente não é verdadeiro, quando o fato é que ela não o faz. O jeito que ela é me diz o jeito que ela deveria ser. Conhecer a verdade é muito útil para você e pode salvar uma vida. Se o seu filho que está recém aprendendo a andar sair para a rua, obviamente ele não a escutou. Quando você estiver em paz com a verdade de que ele simplesmente não irá escutar, você age no sentido de protegê-lo do perigo. Escutar o seu filho é conhecê-lo e responder à realidade e não a uma ilusão.
Como você saberá o que esperar em cada idade? Minha resposta é: Observe. O que a criança está fazendo é a prova viva do que ela deveria ser. O mesmo se aplica a você que está fazendo o seu melhor o tempo todo, e qualquer tentativa externa para mudá-la, só atrapalha o seu curso. Seu filho está correndo o mais rápido que pode para se tornar um adulto. Quando alguém está correndo o mais que pode, um empurrão só fará com que caia.

Naomi Aldort é a autora de “ Raising Our Children, Raising Ourselves” (Criando Nossos Filhos Criando nós Mesmos). Pais e mães do mundo inteiro procuram pelo seu aconselhamento por telefone, pessoalmente e escutando seus CDs, e participando dos seus “workshops”. Suas colunas de conselho aparecem em revistas de paternidade/maternidade progressivos no Canadá, EUA, Austrália, no Reino Unido, e são traduzidos para o alemão, hebreu, holandês, japonês e espanhol. Ela é casada e mãe de três filhos . Seu filho mais novo, Oliver Aldort, tem treze anos de idade e é violoncelista (www.oliveraldort.com). Para mais informações sobre a Naomi visite as páginas www.NaomiAldort.com ou www.AuthenticParent.com.


Permitida a divulgação e veiculação, desde que citada a fonte: http://www.slingando.com

sábado, 2 de julho de 2011

Ser mãe depois dos 35 anos tem suas vantagens

7 benefícios de ser mãe depois dos 35
Acredite: ter filhos nessa fase da vida tem muitas vantagens!

Por Lígia Menezes


Hoje em dia, são comuns as mamães de primeira viagem com mais de 35 anos. Nessa fase, muitas mulheres se encontram em uma situação mais estável e sentem mais segurança na hora de educar o bebê. Mas o que muita gente não sabe é que há muitas vantagens em ter filhos nessa fase da vida, desde a sexualidade da mãe até a diminuição do risco de depressão pós-parto. Quer saber mais? Listamos a seguir os principais benefícios da maternidade tardia:

1. Mais paciência: “Mamães mais velhas tendem a investir mais na educação dos filhos e ainda têm mais experiência e sabedoria para compartilhar com eles”, conta o ginecologista Marcello Valle, especializado em Reprodução Humana, da clínica Origem, no Rio de Janeiro. Além disso, terão mais oportunidades para levar os filhos na escola, participar de reuniões escolares e “ainda costumam ter mais paciência com as crianças”, avalia a psicóloga e psicoterapeuta, Cynthia Schincaglia, do Rio de Janeiro.

2. Mais maturidade: os benefícios não são uma exclusividade das mamães, não. Com o passar do tempo, os papais também tendem a ter uma melhor situação financeira. Isso se reflete na segurança que ele vai oferecer ao bebê. “O homem mais velho conta com uma estabilidade bastante importante para a chegada do filho – o que melhora a relação do casal e a revigora”, diz Soraya Deminicis, psicóloga e sexóloga, de São Paulo.

3. Maior disponibilidade para a criança: quanto mais velhos forem os pais, mais presentes estarão na vida dos filhos, pois já deram conta de suas prioridades e podem planejar melhor o futuro da criança. “Com mais de 35 anos, o casal está maduro e tem uma relação equilibrada – o que é ótimo para a educação das crianças”, explica Cynthia. “Sem contar a disponibilidade de tempo: aos 20 anos, parece que o mundo está correndo lá fora. Essa sensação não aflige as mulheres mais maduras com tanta intensidade”, acrescenta a ginecologista e obstetra Maria Cecília Erthal, diretora médica do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio de Janeiro.

4. Risco de depressão pós-parto diminui: a maior incidência de depressão pós-parto ocorre nas mães que têm entre 15 e 24 anos. “Com mais de 35 anos, a gestação tende a ser planejada, o que diminui a chance de depressão pós-parto”, explica Marcello.

5. Gravidez tranquila: alterações hormonais em gestantes fazem com que as emoções oscilem bastante. Porém, em mulheres mais velhas, a proporção que esses sentimentos tomam é menor graças à maior experiência de vida. “A oscilação de emoções sempre ocorre na gravidez, tanto nas mães mais jovens como nas mais velhas, mas o que muda é a maneira de lidar com elas”, explica Soraya.

6. Saúde em dia: quando a mulher tem mais de 35 anos, o risco de desenvolver diabetes, hipertensão arterial na gestação e ter um parto prematuro são maiores. Graças a isso, gestantes mais maduras costumam fazer um acompanhamento mais rigoroso nessa fase e tomam mais cuidados com a saúde do que as mamães mais novinhas.

7. Melhor relação com o corpo: segundo Soraya, essas mulheres mais experientes também lidam melhor com as mudanças que ocorrem no corpo – o que faz bem até para a sexualidade delas. “A relação da mulher com o seu corpo se torna mais consciente, impedindo que as alterações causem impacto na vida sexual e na interação com o parceiro”, finaliza a psicóloga e sexóloga.

Fonte: http://bebe.abril.com.br

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Despertar é preciso


Acredito que muito do que vivemos, os sofrimentos, as angústias, os medos, poderiam e podem ser evitados quando nos percebemos e nos damos a chance de sermos nós mesmos, ou seja, ter nosso espaço, nossa voz, nossos desejos preservados e comunicados a quem quer que seja.
Por isso coloco aqui um dos textos de um autor russo maravilhoso, que amo de paixão, Maiakóvski. É preciso despertar para a vida, para as transformações, nada é fixo, sempre há uma saída.
Nossos filhos são a prova disso e também são nosso desafio constante, para que não sejamos nós os primeiros a calar-lhes a voz!

DESPERTAR É PRECISO

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.

Vladimir Maiakóvski

Relato de amamentação e processo de introdução de alimentos da Manuela


Segue o relato que fiz da amamentação e processo de introdução alimentar de nossa filhota Manuela. Escrevi quando ela estava com quase 11 meses. Agora a pequena está com 1 ano e 3 meses, nossa como passa rápido.

Vamos lá:

Bem, não tinha pensado, até hoje, em fazer o relato do processo de amamentação da Manuela, nossa filhota de 10 meses e 3 semanas de LM em LD e atualmente em pleno processo de introdução alimentar, que é um relato a parte.

Quando engravidei da Manuela pensei muito em ter parto normal e apesar dos meus problemas epilepsia e diabetes tipo 2, estava disposta a fazê-lo apesar do meu medo com relação ao que aconteceu com minha mãe (faleceu no meu parto, devido a pressão alta), porém na 37 semana de gestação desenvolvi um polihidrâminio por causa da diabetes que não possibilitou levar a gravidez até o final. Tudo bem, passei por uma cesária e nossa filhota linda nasceu com 3,05kg e 0,45 cm comprimento, uma meninona linda e saudável,, nota apgar 9 e 10. Pedimos para que a colocassem no peito ali mesmo no centro cirúrgico, mas logo a levaram...ahhhhh os procedimentos...

Na manhã seguinte foram aquelas enxurradas de enfermeiras, nutricionistas e etc dizendo como fazer para amamentar, pega sua mama daqui, aperta dali, cada uma dizendo uma coisa, segura a cabeça da criança, encaixa, solta o ombro, relaxa, faz massagem, e a pequena só pegava direito, ou melhor, qdo todo mundo ia embora, só eu e ela nos entendíamos...mas ela só queria dormir e ficava pouco no seio.

No segundo dia a tarde um susto minhas mamas pareciam de pedra e doloridas e a bebezinha só dormia...mamava pouco...E mais enfermeiras falando e falando...Mãe, vc não esta fazendo direito, relaxa, se vc ficar nervosa o bebê sente e não mama direito...Affff...

No terceiro dia de manhã já tudo pronto para ter alta a notícia, Manuela teria que ficar no banho de luz por causa da icterícia...Nosso mundo desabou, pois eu sairia de alta e ela não...

Com isso acabei ficando recém operada na sala de espera da maternidade para dar de mamar pra filhota de 3 em 3 horas, pelo menos durante o dia e a noite e de madrugada dariam o meu leite que tirei nos intervalos no banco de leite, ficando apenas 1 mamada com complemento na madrugada, se necessário. Fomos nesse ritmo por 4 dias, tempo em que Manu ficou no hospital, minhas mamas duras, eu tendo que massagear e com dificuldade, pois tive síndrome do túnel do carpo na gravidez, não sentia a ponta dos dedos, estavam dormentes e doloridos, fazia a massagem com a lateral dos polegares e meu marido tb ajudava. Tirar o colostro/leite no banco de leite da maternidade tb foi fundamental nesse período. Lembro-me que usei uma máquina super forte usadas por mães funcionárias da maternidade, nossaaa esfolou tudo... e dá-lhe pomadinha de lanolina...que por sinal me ajudou muito, pois os bicos esfolaram um pouco nessa época mas nunca chegaram a rachar. 

Tb foi uma luta para amamentar minha filha nesse período, pq algumas funcionárias da fototerapia não queriam tirar a faixa de proteção dos olhos da Manu, por pura preguiça de ter que colocar novamente depois para que ela pudesse mamar...Rodei a baiana...e tb não queriam que eu amamentasse minha filha alegando que se tirassem a bebê da fototerapia muitas vezes o tratamento não faria efeito. Mas e o meu contato com ela, e a nossa relação? Isso não poderia ajudar na recuperação dela tb? Enfim, mas um motivo para stress e confusão com o corpo de enfermagem...mas conseguimos enfrentar...vi surgindo naqueles primeiros dias a leoa dentro de mim...uma forca que nunca havia sentido antes, era capaz de enfrentar o mundo por nossa pequena filha.

Fomos levando assim ate sua alta, 4 dias após a minha. E me vi com aquela pequena criaturinha indefesa nos braços saindo da maternidade e ainda no hall um pianista tocava:  EU SEI QUE VOU TE AMAR! POR TODA MINHA VIDA EU VOU TE AMAR! EM CADA DESPEDIDA EU VOU TE AMAR! DESESPERADAMENTE EU SEI QUE VOU TE AMAR!

Parei e me acabei em prantos...Eh, agora era por nossa conta! Que medo!

Chegamos em casa e meu marido teria que sair logo em seguida por um compromisso inadiável.
Ficamos em casa eu e Manu que não quis mamar de jeito nenhum, ficando mais de 5 horas sem mamar e só dormindo.

Entrei em desespero, mas depois meu marido chegou e ela voltou a mamar...Estava em casa agora...protegida afinal!

Nos primeiros dias foi difícil, ela mamava por muito tempo, o peito doía, tinha cólicas e me sentia impaciente, pois estava cansada e nunca sabia que horas ela iria parar...Mamava praticamente o dia todo e a noite acordava e mamava muito tb. Eu pensava, mas será que é assim mesmo, essa dor, tanto tempo mamando? Mas com o passar dos dias foi ficando mais tranquilo, ela pegando mais fácil o peito, eu não sentia mais dor e nossa relação foi tb ficando mais forte.

Por volta dos 3 meses ela mamava muito e chegava até a vomitar de tanto que mamava, nessa fase acabamos dando a chupeta que ela chupou por um curto tempo, pois fez com que perdesse peso ja que ela passou a mamar menos. Com a retirada da chupeta ela voltou a mamar mas não tanto que chegasse a vomitar e voltou a ganhar peso.

Manu foi amamentada exclusivamente com LM em LD até mais ou menos 7 meses, pois não mostrou nenhum interesse por alimentos aos 6 meses e decidimos junto com a pediatra dela, Dra. Nina que poderíamos começar a introdução alimentar mais tarde. Esse processo ainda não ingrenou, Manu só passou a comer melhor, mesmo assim, come bem as frutas, agora depois dos 10 meses, antes disso só experimentou os sabores, está assim ainda com as papinhas salgadas, mas não temos pressa...estamos no tempo dela.

Para chegar até aqui, passamos por papinhas com várias consistências, até descobrirmos que ela gosta mesmo é de pedaços, e sem nenhum dentinho, pois só agora com 10 meses e meio que estão nascendo os dois primeiros.

Enfim, Manuela vem nos mostrando a cada dia sua peculiaridade, suas particularidades e por que não dizer sua personalidade...

Procuramos a cada dia dar a ela o espaço que é dela em nossas vidas...o espaço para que ela possa crescer com a certeza que esta sendo amada pelo que é não pelo que queremos que seja.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Que fome é essa?

Pensando na letra da música abaixo reflito: que fome é essa que pode até destruir? Fome de quê??? Faz pensar...


Fome Come

Gente eu tô ficando impaciente
A minha fome é persistente
Come frio come quente
Come o que vê pela frente
Come a língua come o dente
Qualquer coisa que alimente
A fome come simplesmente
Come tudo no ambiente
Tudo que seja atraente
É uma forma absorvente
Come e nunca é suficiente
Toda fome é tão carente
Come o amor que a gente sente
A fome come eternamente.
No passado e no presente
A fome é sempre descontente
Fome come fome come
Se vem de fora ela devora ela devora ela devora
(qualquer coisa que alimente)
Se for cultura ela tritura ela tritura
Se o que vem é uma cantiga ela mastiga ela mastiga
Ela então nunca discute só deglute só deglute
E se for conversa mole se for mole ela engole
Se faz falta no abdome fome come fome come
Gente eu tô ficando impaciente
A fome sempre é descontente
Toda fome é tão carente
Qualquer coisa que alimente
Come o amor que a gente sente come o amor que a gente sente!

Dos frutos que caem


Dos frutos que caem longe

No fundo, é só isso que importa...
A pele na pele, no fundo dos olhos...
O sorriso que paga tudo, compra tudo, me rende e me faz pensar
Se vale mesmo a pena querer cortar o cordão...

Mas que besteira afinal,
Que ultraje mais descabido,
De quem tanto quis cortar o cordão da onde veio
Se ver tão triste por começar a cortar o daquele que se vai...

Mas no fundo a gente sabe
Que quem de nós veio
Desabrocha e brota em outro canto,
Que árvore grande às vezes cobre o sol...

Que maluquice é essa,
De ser árvore que gera e espalha frutos
E se ver, ao mesmo tempo
Tão sozinha de ver cair longe para brotar a sua própria semente?

A auto-estima de seu filho


A auto-estima de seu filho
por Milagros Pérez Oliva

Conseguir que os filhos tenham auto-estima elevada é um dos objetivos que se colocam muitos pais, mas nem sempre os métodos que utilizam para tanto são os mais adequados. Às vezes, querendo cultivar a auto-estima, o que fazem é fomentar a egolatria. A linha que separa a auto-estima da egolatria se origina nas primeiras relações que a criança tem com seu entorno.

Todos os pais querem que seus filhos sejam felizes e estão dispostos a fazer o possível para consegui-lo, mas muitas vezes tentam pelo caminho errado. Conscientes de que a base da felicidade está em uma boa auto-estima, muitos pais se preocupam em seguir estratégias que permitam cultivar a auto-estima dos filhos, mas às vezes erram o caminho e, em vez de uma criança feliz e equilibrada, acabam cultivando um ególatra, um pequeno tirano. Saber encontrar a linha divisória entre auto-estima e egolatria é um dos nós da psicologia evolutiva.

Dorothy Corkille, em "El niño feliz" (ed. Gedisa) , obra que já tem 31 edições, estabelece uma primeira diferença: "Auto-estima é o que cada pessoa sente por si mesma. Seu julgamento geral sobre si mesma, na medida em que sua própria pessoa lhe agrada. Auto-estima elevada não consiste em uma presunção ruidosa. É, sobretudo, um respeito silencioso por si mesmo, a sensação do próprio valor. Quando alguém a sente no fundo de seu ser, alegra-se por ser quem é. A presunção, em troca, não passa de uma capa delgada que cobre a falta de auto-estima. Aquele cuja auto-estima é elevada não perde tempo em impressionar os demais: sabe que tem valor".

Esse é o ponto de chegada, mas qual é o caminho? O caminho começa no próprio momento em que a criança abre os olhos e começa a ver o mundo. A psicanalista Isabel Menéndez afirma: "Entende-se por auto-estima que a criança tenha uma percepção de si mesma como alguém valioso e querido, especialmente pelos pais. Ela é construída quando os adultos acompanham a criança no crescimento, impondo-lhe limites, quer dizer, educando-a e formando sua personalidade. E fazendo-o com respeito, que consiste em não forçar a criança, mas sim motivá-la para que aja de determinada maneira".

"Auto-estima é a capacidade de estar bem consigo mesmo e com o entorno, em um sentido profundo, íntimo", acrescenta Lurdes Cestero, psicóloga clínica. "Às vezes se confunde auto-estima com egolatria. A egolatria é uma estima inflada, baseada em ouvir 'você é maravilhoso', 'você nunca tem culpa de nada'. Na realidade, o que a criança percebe é que seus pais negam suas verdadeiras necessidades, que no fundo a ignoram, com o que estão lhe dizendo que não tem valor."

As crianças nascem sem nenhum sentido do eu. Vão construindo-o conforme vivem, mas como constroem a idéia de si mesmas? Corkille utiliza uma metáfora muito bonita para explicar isso, a teoria dos espelhos: as crianças constroem sua identidade a partir das imagens de si mesmas que observam projetadas nos outros. O primeiro espelho no qual se olham é o olhar da mãe, o rosto do pai, as emoções que sua mera existência provoca neles. Os pais são um espelho psicológico no qual os filhos se vêem; vão se construindo por dentro em função do que observam de si mesmos no espelho que são os pais e as pessoas próximas.

Se percebem que são valiosos para seus pais, se sentirão valiosos. Mas o espelho é feito de um vidro emocional muito delicado. Não é feito só de palavras; por isso não basta dizer cem vezes à criança "eu a amo" se o espelho do olhar, da expressão, o discurso não-falado, o que nunca engana, diz outra coisa. "Para sentir-se completamente bem por dentro, as crianças precisam de experiências vitais que provem que elas são valiosas e dignas de serem amadas", diz Corkille.

"Os pais são o modelo para tudo, tanto pelo que dizem como pelo que não dizem, e principalmente pelo que fazem", acrescenta Cestero. Ela observou em seu consultório que o amor e a atenção geram um círculo virtuoso, às vezes em ambas as direções: "Em geral, se a auto-estima dos pais está bem, a da criança também costuma estar", explica. "Para alguns pais, o fato de ter um filho é um motivo para fazer uma grande mudança interior. O amor pela criança os ajuda a modificar coisas que não gostam em si mesmos. E se a mudança funciona e é gratificante, se consolida."

Mas a auto-estima pode se ressentir se a imagem que a criança percebe no espelho das pessoas das quais depende for distorcida ou negativa. "Às vezes a origem do problema é que os pais transferem para os filhos suas próprias insatisfações", explica Menéndez, e alguns, mais que amor, lhes dão consentimento. Os pais que, querendo dar amor, consentem tudo, não estão cultivando a auto-estima dos filhos, mas sua egolatria. "Uma criança ególatra é aquela que foi colocada num pedestal", continua.

"São crianças às quais não se impuseram limites e que acabam sendo tiranas. Pode haver tiranos porque os adultos dão demasiado ou porque dão muito pouco. Também há falta de auto-estima por excesso de proteção. A superproteção não protege realmente a criança. A mãe superprotetora é mais dependente do filho, este percebe isso e pede cada vez mais. Acredita que a mãe é todo-poderosa e pensa que todo mundo é assim e que está à sua disposição. Um ególatra é uma criança que não foi frustrada adequadamente no momento em que era preciso fazê-lo, e no fundo também pode haver um grande sentimento de abandono, porque deixá-la fazer o que quer é na realidade abandoná-la."

Muitos pais não sabem ou não levam em conta que impor limites a seus filhos é amá-los. "Muitas vezes, quando os pais não colocam limites, na realidade estão depositando seu próprio narcisismo no filho", afirma Menéndez. "São pessoas que se sentem frustradas por não poder fazer o que querem e compensam essa sensação deixando que seu filho faça o que quiser."

Cestero insiste na importância do princípio de aceitação e acompanhamento."Para que a criança se sinta valorizada, é muito importante diferenciar entre o comportamento da criança e a própria criança." Uma coisa é o que ela faz, algo que pode ser modificado, e outra o que ela é. Quando é corrigida, é preciso incidir sobre o que ela faz, sem questionar o que é. Ela é sempre amada pelo que é, mas é corrigida pelo que faz. É uma distinção sutil, mas de grande alcance. "É preciso dizer: 'isso que você fez não está certo', mas mantendo a conexão amorosa."

Essa distinção entre o ser e o fazer deve se refletir tanto na atitude quanto na linguagem. Não é a mesma coisa repreender uma criança que quebrou uma coisa dizendo-lhe que não deve pegá-la assim porque quebra, ou lhe dizer que é uma desastrada. Que uma coisa se quebre é um acidente, que alguém seja desastrado é um atributo que o define.

Menéndez descreve alguns dos sinais que podem alertar sobre a baixa auto-estima. Por exemplo, fazer constantemente coisas transgressivas só para chamar a atenção; ou a necessidade excessiva de destaque e de liderança também pode esconder uma criança narcisista com baixa auto-estima. "Como não se sente bem por dentro, tem necessidade de buscar constantemente a aprovação externa", explica. Isso também pode se expressar, no caso de crianças muito tímidas, na dificuldade para expressar seus sentimentos, em uma tendência a fechar-se.

O resumo seria que a auto-estima se constrói quando os pais apóiam seu filho com todas as suas conseqüências, seja como for, com as limitações que tenha, mesmo que não se adapte ao que eles esperavam. A criança deve perceber um amor incondicional, mas para que o perceba o amor deve ser efetivamente incondicional. Stanley Coopersmith, uma das referências em psicologia infantil, demonstrou com seus estudos que a auto-estima não tem a ver com a posição econômica da família, nem com a educação, nem com o lugar onde se nasce ou se vive. Não tem a ver com o nível educacional dos pais nem com o fato de a mãe trabalhar ou não. "Depende simplesmente da qualidade das relações que existem entre a criança e as pessoas que desempenham papéis importantes em sua vida", escreveu.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves